quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A laranja que estragou a coca


Fim de tarde, a garganta clamando por alguma coisa gelada. Na geladeira, uma Coca-Cola, geladíssima coca, peguei, servi no maior copo que tinha, poderia beber isso, mataria a minha vontade e sede e tudo continuaria normal, mas claro, achei que poderia ficar melhor, um limão quem sabe. Olhei na fruteira, nada de limão, pensei "mas e laranja, muita gente coloca laranja no refrigerante!" e a fruteira estava vasta delas, por impulso peguei uma, cortei, joguei no copo, o pedaço de laranja cai no copo fazendo aquele barulhinho típico de limão, perfeito!
Deixo "curtir" um pouco a fatia de laranja com a coca, pego o copo e vou pro quarto, sento na frente do computador, a sintonia laranja e coca parece espetacular.
Bebo. Um gosto estranho nem de coca e muito menos de laranja desce pela minha garganta, aquela mistura diferente que aos olhos parecia harmoniosa não havia dado certo. A laranja havia estragado a Coca-Cola. E o culpado? Eu mesmo, não contente em só beber coca gelada, tinha que colocar a laranja. É a mania que as pessoas têm as vezes de querer mudar ou melhorar o que já está muito bom.
Beba só a coca, e se adicionar alguma coisa, tenha certeza que aquilo só vai melhorar o gosto, uma fatia de laranja pode por um copo inteiro de coca a perder.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Aventuras em uma noite fria

Já era madrugada, frio em um local onde quando está quente existe barulho e movimento, mas no frio, apenas o silêncio e aquele som característico do local. No meio de todo esse silêncio, dentre todas as casas iguais, havia uma diferente. Seria uma casa como qualquer outra, se não tivesse o fogo agido sobre ela.

A casa onde antes pessoas jogavam, bebiam e se divertiam, havia se transformado em cinzas com um belo telhado de estrelas com apenas com algumas armações de madeira queimada. Dentro, restos de móveis, jogos e alguns sinais do clima alegre outrora vivenciado no local. A invasão é atraente e chamativa, desbravar um local abandonado, queimado, em busca de algo diferente do habitual. Não tem como resistir. Existe uma grade, ainda intacta, protegendo o que restou da casa, estuda-se como ultrapassá-la e assim se faz. Já no pátio, algumas cartas de um jogo em outra língua criam um ar de dúvida e mistério, por que as cartas estão no pátio?

Dentro, o caminhar deve ser cuidadoso, afinal, é noite, nada se enxerga, e os restos da casa se encontram no chão, quebrados e queimados. No interior é bonito, o céu estrelado contrasta com a escuridão da casa, cada passo, ouve-se uma madeira quebrada, um pedaço do sofá, da cômoda, da mesa, não importa, está tudo em cinzas, mesmo. Pelos restos até se consegue deduzir que parte da casa é. Ao entrar, logo se vê o que seria uma cama, aos pedaços, mas deixa o quarto pra logo mais. Na sala, encontram-se móveis tão aos pedaços quanto a casa, o jogo, encontrado lá fora no pátio, é encontrado dentro também, com diversas cartas em bom estado pelo chão, além de outros jogos, claramente a casa era freqüentada por crianças antes do fogo. A casa era bem mobiliada e bem equipada, restos de livros também estão pelo chão. Caminhando mais para o fundo, dá pra ver um fogão e uma geladeira, estamos na cozinha, portanto, mas é o máximo que se consegue ver de uma cozinha. O ar de mistério ainda persiste, é bom desbravar em busca de alguma coisa que não se sabe bem o que. Uma parte que não era feita de madeira - como o restante da casa – está inteiramente em pé, é a parte da churrasqueira e a garagem, ali, o fogo não consumiu, e é o único lugar onde não tem madeiras e restos de móveis pelo chão, Mas não é interessante como o resto da casa.

Voltamos então aos destroços, às madeiras queimadas. No quarto, que fica perto da entrada, no que seria a cômoda do lado da cama, encontra-se um livro. Folheando, descobre-se o livro, o nome? Deixa pra lá. Mas se tinha livro até do lado da cama quando o fogo começou, significa que pessoas estavam por lá, não era uma casa fechada, como a maioria naquela época do ano. E se a família estava lá quando começou o fogo, conseguiram fugir? Tomara. Invadir uma casa queimada já tem um clima de filme de terror, saber que pode ter acontecido alguma coisa com a família que lá morava, já é demais.

Nada mais de novo se encontra na casa, todos os restos e móveis já foram vasculhados. Então pegamos o livro, algumas cartas, e partimos para o pátio, para ver um pouco mais do livro. Lá fora, tem uma piscina com um bom lugar para sentar, folheando um pouco mais o livro, vê-se que não era só um livro, mas sim dois, e o outro qual era? A bíblia. Bem apropriado, não é? Agradeço por já estar lá fora. Não sei como seria ver uma bíblia em bom estado do lado de uma cama de uma casa queimada quase que por completo, de madrugada. Se bem que algo me desviava a atenção daquela coisa toda, daquele clima de noite fria e misteriosa, algo mais ameno e mais atrativo. Hora de ir embora, faz frio e a casa já havia sido investigada. Deixam-se os livros e as cartas ali, do lado da piscina, mais uma vez ultrapassa-se a grade e, caminhando, satisfeito, por entre as ruas gélidas e com casas fechadas, encerra-se a aventura daquela noite fria.